No universo das startups e grandes empresas de tecnologia, o conceito de dedicação extrema ao trabalho não é novidade. Mas, nos últimos anos, um modelo em especial voltou a ganhar destaque, a Escala 996, sigla que descreve a rotina de trabalhar das 9h da manhã às 9h da noite, seis dias por semana. Criada e popularizada na China, essa prática já foi alvo de críticas severas, decisões judiciais e até proibição oficial. Agora, porém, ressurge no coração do Vale do Silício, levantando debates sobre produtividade, saúde mental e competitividade global.
O que é a Escala 996?
A sigla “996” representa 9 horas de início, 9 horas de término e 6 dias de trabalho por semana. No total, são 72 horas semanais de dedicação profissional, muito acima do padrão legal em boa parte do mundo.
Originalmente associada ao crescimento acelerado de gigantes da tecnologia chinesa, como Alibaba e Huawei, a escala 996 era vista por alguns como sinônimo de comprometimento e eficiência. Entretanto, críticas sobre seus efeitos colaterais, como esgotamento físico, problemas de saúde e impacto na vida pessoal, tornaram o modelo um alvo de campanhas trabalhistas e ações judiciais na China.

A Propagação para o Vale do Silício
Apesar de a China ter proibido o 996 em 2021, startups nos EUA, especialmente no setor de IA, estão implementando práticas semelhantes. A busca incessante por competir com rivais globais, incluindo empresas chinesas, tem levado líderes de tecnologia a defenderem o aumento da carga horária.
- Alguns CEOs do Vale do Silício, como Elon Musk e Mark Zuckerberg, já sinalizaram a necessidade de um compromisso “hardcore” com o trabalho.
- O cofundador do Google, Sergey Brin, chegou a sugerir que 60 horas semanais seriam o “ponto ideal” para a produtividade em projetos de alta prioridade.
- Startups como a Rilla, por exemplo, estão sendo transparentes sobre suas expectativas, mencionando em vagas de emprego que esperam que os candidatos trabalhem cerca de 70 horas semanais.
Por que a china proibiu o 996?
Em 2021, o governo chinês agiu após protestos e casos extremos:
- Mortes por exaustão: Um jovem de 25 anos morreu de hemorragia cerebral após trabalhar em uma startup.
- Leis trabalhistas: A jornada legal na China é de 8h/dia (44h semanais), com horas extras limitadas a 36h/mês.
- Movimento “Tang Ping”: Jovens chineses começaram a rejeitar a cultura do excesso, adotando um estilo de vida minimalista em protesto.